29 agosto 2011

Pantanal Norte - Pesca com Mosca no Rio Piquiri

Conciliando uma viagem a trabalho tive a oportunidade de passar o final de semana no Rio Piquiri, aproximadamente 40 minutos de avião desde a cidade de Cuiabá. Realizei um grande sonho meu que era o de retornar ao Pantanal após longos vintes anos desde a primeira vez que havia ido quando moleque levado pelo meu pai que não pesca. Em vista da natureza da viagem, trazia comigo apenas dois equipamentos seis e algumas moscas variadas para dourados e pêras para equipamentos leves (infelizmente os Andinos de verdade ficaram em casa) estando mais preparado e disposto a investir na pêras do que nos dourados. Até porque nem sabia se iria pescar mesmo. Em resumo, passei os dois dias pescando num rio inteiro para mim, sem mais nenhum barco na água, apenas cardumes de piraputangas, dourados caçando, e pacus atacando frutos na batida. Foi uma pescaria fantástica, reforçada pelo equipamento leve utilizado, principalmente nos dourados, que ficaram entre 5 e 7 libras os maiorzinhos e deu mais emoção na briga com os menores e nos pacus, que, na correnteza, fazem uma bela briga. Na primeira metade de dia reservei o começo da pescaria para mostrar ao guia como iríamos pescar e como o barco deveria ser conduzido por ele para contribuir e permitir a pesca das piraputangas. Distâncias, estruturas, água mais rápida, etc. Deu muito certo, quem quiser pescar lá garanto que o Carlos dará conta de guiar algum amigo que pesque com mosca. Além do que me senti muito bem em apresentar um modo diferente de pescar e poder com isso contribuir com a qualificação profissional dele, sem falsa modéstia ou valorização do tema. Assim que as primeiras ações foram acontecendo, ele sorria numa felicidade como quem pensava: "não é que pega mesmo." No total pesquei três dias, sendo dois deles em apenas meio período e o segundo dia inteiro.

Os materiais que utilizei foram:

Dourados:

Vara Greys Streamflex #6, carretilha Abel Super 5, linha Rio Streamertip de 150 grains, backing de 20 lbs. Depois que quebrei a vara na briga com uma enorme cachorra, passei a usar a Scott G2, que apesar de mais lenta, deu conta nos casts de moscas lastradas mas me deixou na mão com o troféu, mesmo após inúmeras fisgadas, escapando o douradão no primeiro pulo (anzol Gamakatsu paia, dessa vez foi ele o culpado, hehheeh). Mesmo assim show. Usei também linha floating na oportunidade em que localizamos um cardume de douradinhos atacando lambaris na margem oposta do rio quando pescávamos piraputangas. Quase uns vinte minutos de selvageria. Depois de pegar alguns, voltamos às piraputangas. As moscas foram as de sempre, andinos, oncas e, tuvira e deceiver do Gregório, mas que adicionei cabeça muddler e halteres. Foram cruéis.

Piraputangas e Pacus:

Vara Scott G2 #6, carretilha Abel Super 4, linha rio WWF Saltwater, backing de 15 lbs. Moscas, foram as secas, Chernobills, tanto as caseiras como as atadas pelo Gregório que mataram a pau. Para os pacus improvisei uma bolinha de EVA (encontrei na rua um pedação do material junto a loja de pesca que passei em Cuiabá para comprar aço, dei sorte, senão nem pescaria eles). Show, como pegavam na batida, pouco importava afundamento, como ocorre com miçangas e coquinhos, mas se afundassem pagaria mais com certeza, mas valeu. As piraputangas atacavam as chernobills na batida também, pois estavam se alimentando das flores dos ipês amarelos e rosa, além do modo tradicional, na deriva morta juntos aos tocos e paus. Chernobill amarela era covardia ... e apesar da média de tamanho ser de tricks, foi coisa de mais de 30 peixes por dia, sendo que num deles passou isso fácil. 

Tucunarés:

Mesmo equipamento acima, com moscas de baby tarpon que estavam na fly box que peguei de última hora. Há muitos deles lá de bom porte em media de 2 quilos. Depois de fisgar três para matar a vontade de uma nova espécie, voltei às piraputangas show.

Resumo da ópera:

A pescaria foi excelente. O rio é muito bonito na seca (dry, hehehehe) com praias extensas de areia clara e fina, tem muito peixe, sobretudo pacus e piraputangas (cheguei a trocar várias vezes as pescarias ou as iscas para selecionar melhores exemplares), notando segundo o pessoal da pousada que estamos fora da melhor época (talvez para linguiçar ...).  O Pantanal sobreviveu em alguns lugares. No Rio Piquiri eu voltarei fácil, fácil. Fica mais essa pescaria registrada nos autos das memoráveis. Não poderia deixar de mencionar a Pousada Piquiri (http://www.pousadapiquiri.com.br/), onde fui muito bem tratado e instalado de maneira simples e cortês, afinal, além de peixe na linha o que lá tem de sobra, comida boa também é bom e atendimento decente e profissional, de pescador para pescador é essencial. Sei que pescaria depende muito de estação do ano, condições climáticas, blá, blá, blás, mas o rio reúne condições excelentes para preservação das espécies (atuação local dos ribeirinhos junto à polícia ambiental e fiscalização) e os resultados são evidentes. Nunca fiquei tão satisfeito com a piscosidade de um rio, principalmente após longos anos de devastação imprimida pelos pescadores profissionais ou amadores matadores de peixe.  Seguem algumas fotos da jornada de pesca.


 









Dourados no modo tradicional com Andinos







Belo Dourado na Dry

 


Perinhas e douradinhos foram dezenas...




... e Peras algumas



 Pacus rabo de nego também entravam nas secas

 

Pacus no fruto de EVA tosco improvisado no golden goal





Cachorra e Tucunarés

 


 

21 agosto 2011

Perseverança

Ontem foi mais um dia de investir localmente. Na última pescaria lá descobrimos alguns novos pontos e corredeiras, que, como já de costume possuiam "muita cara de peixe". Após 3 dias viajando a trabalho, quase sem chances de alvará doméstico, o Maurício me chama para mais essa investida e acabo conseguindo ir junto. Apesar de toda nossa empolgação, traduzida em novas moscas atadas de acordo com nossa observação do lugar, escolhas e testes de linhas e equipamentos, o tempo fecha, fica frio e úmido. Cancelar a pescaria?


 Nem fudendo, melhor passar frio, se molhar, cair no poção, pegar uma carguinha de carrapatos a ficar morgando em casa, pensando que SE tivesse ido pescar poderia ter sido bom. Odeio esse tipo de especulação e tanto eu como o Maurício preferimos sempre checar in loco nossas previsões. Assim se fez. Exploramos uma cachoeira e nos separamos na próxima corredeira em dois tramos do rio.


 Eu mais abaixo e o Maurício acima. O ponto em que ia começar a pescar há um drop bem próximo da margem, onde fica o canal mais fundo, a passagem dos peixes e o pocinho mais seguro para eles permanecerem. Chego com cuidado, abaixado e apenas com o leader e uns dois metros de linha para fora da carretilha, coloco a mosca rio acima, espero derivar e no swing da mosca, FLASHHHHHHH. Um dourado bom ataca a menina, boa a linha nas costas e desce o rio, a briga é boa, grito para o Maurício descer, mas algum tempo despois o peixe escapa já na parte bem rasa da corredeira, praticamente aos meus pés. Esse peixe, apesar de ter escapado tinha um significado para nós que não tem nem como pontuar, mas vale comentar. Esse ponto começou a ser explorado já há algum tempo e na primeira vez o Maurício já sacou um douradinho.




Nessas nossas incursões, já vimos peixe, sinal de peixe, sombra de peixe e tudo mais, mas depois do primeiro, nenhum outro havia aparecido para nós. Assim, após todo esse tempo, novamente, um peixe, e muito bom diga-se de passagem toma minha mosca renovando as nossas esperanças. Legal! Mas escapou, porra. Tremendo de emoção, passo a pescar da maneira mais correta possível no ponto. Após alguns casts, novamente, no mesmo pocinho um douradinho menor toma a mosca e também escapa. No próximo eu arranco o queixo dele, pensei. Não demorou muito e o terceiro entrou na mosca (pequena, lastreada e preta), dessa vez, não teve jeito, pulou, correu, fez birra mas pude tocá-lo. Não tinha como registrar o momento pois estava sem câmera. Daí que vem a parceiria e depois de alguns gritos meus o Maurício desce o rio e aparece para registrar o momento abaixo.


Ainda saíram mais dois peixes mas também não foram registrados.  Realmente, quem procura, tem fé e garimpa, de fato encontra o que procura, seja pepita, seja barra de ouro. Não posso deixar novamente de agradecer o Maurício pelas empreitadas que tramamos e todas técnicas passadas. E ainda, nem ficou bom ... 

15 agosto 2011

07 agosto 2011

Mais uma investida

E com peixes para animar, mas não no anzol. Desta vez notamos 3 ações claras de peixe, uma de ataque na superfície, uma de peixe espantado com a queda da mosca (peixe já  "bastante mas lindo")  e outra de ataque na mosca do Murício. A água estava muito clara e geladíssima, mas como por outro lado o dia também foi o mais quente da semana, talvez por isso os peixes estivessem mais acessos. Toda ação foi praticamente no mesmo tramo do rio, em pontos diferentes, o que mostra que quando o peixe está no ponto, há ação mesmo, por isso tem que insistir, passar a mosca no local correto e ter fé, não tem segredo. Temos que investir localmente, deixar a preguiça pescativa mental de lado e aceitar não pegar peixes em algumas pescarias para desenvolver e aprender novos pontos, daí, um só peixe, já faz tudo valer a pena. Aliás, só ação de peixe já faz valer a pena. Nesta pescaria uma das varas quebrou logo no começo, daí, como não levamos backup, fizemos um pescaria absolutamente estratégica, atacando os pontos do jeito certo, esgotando todas as possibilidades, procurando o melhor arremesso, interpretando os pontos e descobrindo novos. Foi muito melhor que cada um pescando por si, concluímos no final. Fora a aula ... Seguem algumas fotos.

                          


Tentamos moscas claras e escuras


Maurício atacando mais uma correntada




Novo tramo. Lugar que promete ...